segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Idéias Idiotas que deram certo: Beast Wars


Sim, mais um post sobre Transformers - e sobre o que é provavelmente o ponto mais "polêmico" da franquia - Beast Wars. Dependendo para qual parte da fanbase você perguntar, isso foi ou a salvação de Transformers, ou arruinou Transformers PARA SEMPRE. No meu caso, estou no primeiro grupo, e acho que o segundo são geewunners chatos que ao invés de se darem o trabalho de assistir a porcaria da série, e dar uma olhada nos bonecos, preferiram ficar reclamando de CAMINHÃO, NÃO MACACO, "Vehicles or nothing" e outros mimimis. Também tem o pessoal que é indiferente, mas esse não chama atenção.



Antes de entrar nos detalhes de BW, tenho que fazer uma pequena contextualização de QUANDO surgiu Beast Wars: em 1996, quando os primeiros bonecos de BW chegaram as lojas (e os profiles sugeriam que esses eram os mesmos personagens de geração 1), e o desenho começa a ser transmitido nos EUA, Transformers não ia bem das pernas: Os últimos bonecos de Geração 1 foram lançados apenas na Europa - e com sucesso limitado. Geração 2 foi um grande fracasso, os poucos moldes novos ou dependiam de gimmicks que não deram muito certo, ou eram "muito pouco e muito tarde". o "desenho" se resumia ao clássico (mal) remasterizado, e muitos dos bonecos eram os originais, com mudanças de cor não muito bem vistas. A situação havia chego a tal ponto que a Hasbro passou o selo Transformers para a recém adquirida Kenner, que recebeu a incumbência de salvar a linha de alguma maneira - qualquer maneira.


E a solução veio de maneira acidental pelo designer Chris Goss: em uma reunião criativa, Goss sugeriu mudar do estilo "quadrado" que a linha mantinha (e não se enganem: G2 foi o cumulo do cubismo em TF) para um visual "orgânico" inspirado na série Guyver - o que é perceptível nas "mascaras mutantes" dos primeiros bonecos de Beast Wars. Caiam fora os veículos e as formas bestiais robóticas, entravam animais "reais", robôs menores (em termos de ficção), e linhas arredondadas. E junto com a mudança visual, vieram as mudanças de engenharia: sem superfícies planas, a decoração não poderia mais ser feita com adesivos, e aproveitando o sucesso limitado dos Laser Rods, a maioria das articulações dos bonecos de Beast Wars eram feitas com juntas de bola, com uma posablilidade muito superior ao que se tinha antes - faltava agora vender.





Não vamos nos enganar aqui: por mais bem escrito que fosse, e por mais que inovasse em termos técnicos de animação, Beast Wars, como todo desenho de Transformers (e não venham dizer que G1 não era assim, por que era o mais descarado nisso), foi produzido como um comercial de brinquedos de 21 minutos - e sem muita vergonha, vide a maneira como introduzia novos conceitos e novos personagens "justamente a tempo dos novos brinquedos" - Transmetais e Fuzors, alguém?

E que comercial! Produzido pela Mainframe - a mesma de Reboot, a primeira série de animação completamente em CGI - Beast Wars contava com roteiros bem escritos, ótima animação para a época (e que supera tranquilamente Transformers Energon, de 2004), e um elenco invejável, compondo o que muita gente considera a melhor série de animação de Transformers.

Siiiiiiiimmmmmmmm
Embora o tempo não tenha sido muito gentil com a animação de Beast Wars, a série ainda é bem aproveitável, sem dúvida graças a caracterização: Garry Chalk consegue transmitir bem a "aura de liderança" do Optimus Primal (que não é Optimus Prime), David Kaye está simplesmente ótimo como um dos mais competentes e bem sucedidos Megatrons, e Scott McNeill constantemente rouba a cena, seja como o malandro Rattrap, o impiedoso Dinobot, o cavalheiresco Silverbolt, ou o patético Waspinator (de longe o mais memorável personagem de Beast Wars). Além é claro de Venus Terzo como a "femea fatal" Black Arachnia - a primeira "fembot" a ter um boneco.

O elenco reduzido - não são mais do que 25 personagens ao todo - também ajuda, com mais tempo para cada personagem. E as limitações do CGI evitaram o velho "coloca esses dez caras novos aí, saiu boneco" que marcava G1.


O bate boca entre Rattrap e Dinobot é uma das coisas mais marcantes de Transformers como um todo, e a caracterização do Dinobot, passando de um Predacon desertor - mas que não abandona a velha atitude - até um membro de fato dos Maximals, e posteriormente salvador da humanidade é outra coisa que flui naturalmente, e sua cena de morte é uma das melhores em toda a franquia de Transformers.


Acima: inexperiência.

Porém a maior surpresa de BW é definitivamente Ian James Corlett como o jovem e inexperiente Maximal Cheetor: enquanto toda outra série de Transformers tem um destes, Cheetor se destaca por ter um arco de personagem completo, passando de um jovem impulsivo a um membro competente dos Maximals de maneira natural (ao contrário de seu "Sucessor", Hot Shot, em Armada), até o ponto de assumir a liderança dos Maximals temporariamente em Beast Machines. 

Não achei uma boa imagem do Optimus Prime em BW, então
aceitem o Optimal Optimus - que tem menos que a metade do
tamanho do original. 
E em termos de texto, Beast Wars impressiona pela quantidade de boas referências: Shakespeare na morte do Dinobot, Silêncio dos Inocentes em uma das primeiras cenas do psicótico Rampage, e passagens pseudo bíblicas nos últimos dois episódios da séria. Isso para não mencionar as referências a Geração 1, e o momento épico em que as peças se encaixam, e vemos o quão IMENSOS os Autobots e Decepticons eram em comparação com seus descendentes.

Não que não houvessem alguns probleminhas: a animação é muitas vezes repetitiva, devido a atalhos de produção, o elenco reduzido as vezes cansa, e algumas tramas são dispensáveis. A primeira temporada tem um ritmo vagaroso, enquanto a terceira anda rápido demais. Muitas "piadinhas toscas" estragam algumas cenas, embora a equipe de produção tenha aprendido a maneirar com o tempo, e um dos pontos mais incomodos, a ultima forma do Optimus Primal, Optimal Optimus, é tão ridiculamente poderosa, que precisa ser incapacitada TODO EPISÓDIO.

Beast Wars deixou uma continuação meia boca nos EUA, Beast Machines, e duas "continuações" mediocres no Japão, Beast Wars II e Beast Wars Neo. Enquanto II é na melhor das hipóteses "assistível", com piadas ruins a cada 30 segundos, Neo meio que se salva perto do final, mas até lá, a animação ruim, a falta de ritmo, e o tom "PEGUE TODAS AS CAPSULAS" cansa - sina parecida com a de Transformers Armada, com um final muito bom, mas o resto muito ruim, e que também tinha Unicron como o vilão principal. Já os mangás de BW II e Neo, é melhor nem tocar no assunto.


Tem gente que não gosta de Beast Wars, e algumas vão me xingar por esse artigo... mas vejam por este ponto: gostando ou não, Beast Wars salvou a franquia do completo fracasso. Sem Beast Wars, não teríamos Robots in Disguise, a Trilogia do Unicron, Classics, Animated, Filmes, Prime, ou o que quer que seja: ao contrário, Transformers teria simplesmente acabado no meio da década de 90, deixando um vácuo de NADA, como aconteceu com os Go-bots; quem sabe um revival fracassado na década passada, como ocorreu como o He-man. E para mim, isso é arruinado para sempre. 

2 comentários:

  1. Beast é sem sombra de duvida a melhor coisa que ja saiu relaciomada a transformers , alem de ter um megatron tao filho da puta e carismatico que nos ate torcemos por ela. A única coisa ruim sao alguns personagens medonhos como a viuva negra, silverbolt e quick strick. Fora isso é a melhor animaçao ja feita, oque é a luta dino bolt vs todos? Aquilo merece um oscar.

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