terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Comparando: Conan (1982) X Conan (2011)

Então pessoas... este fim de semana eu finalmente assisti a recente releitura do Cimério mais famoso de todos, junto com o clássico de 1982 - sabe, aquele com o Schwarzenegger, em que ele soca um camelo? - para comparar qual dos dois é melhor como adaptação (ambos horríveis nesse aspecto) e qual é melhor como filme (de longe o do Arnold). Mas porque essa conclusão? Como diriam, vamos por partes.


Como adaptação: 


Nesse sentido, ambos os filmes sofrem - enquanto o Conan das histórias de Robert E. Howard é extremamente inteligente, com uma língua afiada e grandes conhecimentos - embora ainda guarde a selvageria de um cimério - as suas versões cinematográficas só mantem a selvageria. Certo que o Conan de 1982 supostamente é culto, embora a atuação de Arnold não demonstre isso, porém enquanto o Conan dos contos é um homem livre, o Conan do cinema é um ex-escravo (1982), ou um jovem marcado pela sede de vingança (2011). Neste sentido, os filmes são uma afronta ao personagem original, mas o filme velho merece meio ponto por pegar um pouco melhor o tom menos épico do personagem: enquanto o Conan de 82 desfaz um culto religioso, o de 2011 supostamente salvou o mundo.

Personagens:


O filme antigo trouxe um Conan caladão, e que boa parte do filme parece um tanto imbecil, mas que consegue atrair a simpatia do espectador - e isso sem dúvida tem a ver com ter um fisiculturista em seu segundo papel como ator principal, e ainda assim Arnold consegue convencer. Já o filme novo trás um Conan praticamente psicótico, e que nunca cala a boca - embora  a atuação de Jason Momoa faça ele parecer estar Grunhindo o tempo todo. Enquanto o clássico estabelece o Quem, o Que e Por Que do Conan nos primeiros 10 minutos do filme, o novo gasta 25 minutos com cenas inúteis para mostrar que nosso "herói" já era um psicopata quando criança. Em termos de protagonista, mais um ponto para o velho.


O problema da releitura é maior quando se olha o elenco secundário: enquanto no velho temos os também inexperientes Gerry Lopez como Subotai e Sandal Berghman como a estonteante Valéria, e ambos são personagens convincentes e simpáticos. Em particular, o romance entre Conan e Valeria parece crível - e a morte dela causa impacto, assim como o velório. Para fechar o rol de companheiros, temos Mako Iwamatsu - que também faz a narração - como o feiticeiro dos montes. O filme mais recente tem... Rachel Nichols como a monja Tamara, Saïd Tamaghous como o ladrão Ela-Shan, e Nonso Anonzie como o pirata Artus... E todos eles lhe levam a implorar para que calem a boca ou morram - não ajuda o fato de todos serem inúteis, particularmente, Ela-Shan, depois de dizer repetidas vezes que pode abrir qualquer fechadura, revela que só consegue isso por ter um monte de chaves - nada de arrombar as fechaduras. Não... ele abre elas com a chave. Tem uma coisa que dá um centésimo de ponto para essa atrocidade, que é atuação de Ron Perlman como o pai do Conan - e como o único personagem que notou que o filho é um monstro completo.

Vilões e Ameça:


No original temos o sacerdote Thulsa Doom - interpretado por ninguém menos do que James Earl Jones - A voz do Darth Vader. Um líder carismático, Doom visa expandir a influência do seu culto da serpente, e vendo a caracterização, é compreensível que tenha um séquito de seguidores tão imenso. Seu poder é a palavra, e o controle possivelmente hipnótico que tem sobre as pessoas. Embora a proeza de combate do Conan seja impressionante, em todas as ocasiões que ele entra sem pensar na ação, acaba se ferrando - a ponto de quase - ou literalmente - morrer depois de invadir a fortaleza de Thulsa Doom sem plano algum. Embora Thulsa Doom seja obviamente um feiticeiro, seus únicos feitos obviamente sobrenaturais são virar uma cobra (por algum motivo) e transformar cobras em flechas - ambos tematicamente apropriados.

Já no novo filme temos Khalar Zym (Stephen Lang) e sua filha Marique (Rose McGowan), em busca de uma antiga máscara Aqueroniana  e uma descendente de sangue puro, que juntos farão de Khalar um deus. Não dá para entender como Khalar tem seguidores, quando constantemente demonstra ser o arquétipo do chefe ruim - e não tem um pingo de carisma. Da mesma maneira, não dá para entender como ninguém decide enfiar uma faca nas costas da filha dele, quando a mulher é nitidamente uma psicopata pior do que o Conan. E a maldita da máscara? Não faz nada, aparentemente. Além de destruir o cenário que Lang já havia devorado, isto é.

Violência e Coreografias:



O filme clássico tem lutas sangrentas e brutais, mas com uma coreografia sóbria - e até um tanto monótona, em alguns pontos. Todas as lutas parecem bem táticas - excluindo o Conan e o Subotai contra uma cobra gigante, sem dúvidas o ponto fraco do filme em termos técnicos - e é fácil de entender porque o cimério vence. Logo no começo temos uma sequencia de lutas brutais do Conan como escravo ainda - e que não tem nada de estilosas. E embora seja um filme violento, não é aquela violência gratuita e exagerada. Temos um caso de de luta salva pelo ridículo - em um caso literal de Deus Ex Machina. Quem viu o filme sabe que cena é essa.


Enquanto o Conan velho é formidável, no novo ele é invencível. Nenhuma das lutas parece crível, com violência extrema - como crânios sendo esmagados na neve - e acrobacias ridículas, além de dois casos óbvios de cenas recicladas - o mesmo take é usado três vezes em uma sequencia só. Excluindo a imensa introdução do filme, ele só é ferido UMA vez - e através de feitiçaria. Fora isso, todo combate é vencido sem qualquer esforço -e  com violência mais do que gratuita, amputando narizes, mãos e troncos inteiros em detalhes explícitos - e com closes - enquanto o filme velho era sim violento, mas com uma certa finesse nesse sentido. Enquanto o filme clássico termina com o herói segurando a cabeça decepada do vilão - mas com um porque disso, simbolizando como Thulsa Doom é só um homem, não um deus - o novo começa com o "herói" segurando QUATRO cabeças mal arrancadas - com closes nos crânios estraçalhados - e com um olhar de "tão me encarando porque? querem terminar como eles?".

Aspectos técnicos:


O filme velho pode ser mais mal produzido tecnicamente, mas todos os cenários são reais, e o filme não abusa de efeitos especiais como uma fuga barata de ter que fazer uma cena boa. Enquanto isso, o filme novo? Cenários feitos no computador aos montes, lutas com homens de areia comendo 7 minutos de filme - e pra nada - monstros gigantes, e tudo isso para ser inacreditavelmente chato. Sim, ele é tecnicamente melhor, tanto em termos de efeitos quanto de trabalho de câmera, ou de edição - mas isso não o desculpa por ser CHATO DEMAIS.

Veredito:


Se não deu para notar: eu odiei profundamente o novo filme do Conan. Se quer ver uma história do Cimério, minha recomendação é ler um conto do Howard, seguido pelos quadrinhos da Marvel. Mas se faz questão de que seja em vídeo, Conan o Bárbaro, de 1982 é sua melhor escolha. Só assista o novo se não achar nem este, nem Conan, o Destruidor, ou o desenho Conan, o Aventureiro, ou o seriado do Conan. Diabos, até o seriado o HÉRCULES é um Conan melhor do que isso. Ao longo do filme, eu grunhi mais do que os vilões dessa joça -e  eles Grunhem o tempo todo.

Para quem acha que precisa... os trailers dos dois.

5 comentários:

  1. Sobre sua comparação entre os Conans...

    No primeiro Conan, Tulsa Doon so transforma em cobra porque ele não é humano, mas sim um Homem Serpente (tahh). Estes seres remontam da amizade e troca de idéias entre o criados do Conan, Robert E. Howard e H. P. Lovecraft e seus Mythos de Cthuthu.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Você me lembrou que os homens serpente eram os principais inimigos do desenho do Conan.

      Excluir
    2. Eu até presumi que fosse algo do genero, mas como eu estou avaliando os filmes em si, não quis mencionar algo que embora seja quase óbvio para quem conhece o material de origem, não é explicitado no filme. Se bem que eu tava mais achando que ele era só mais um feiticeiro estígio.

      Excluir
  2. Não tem nem oque dizer, enquanto o governaitor faz o Conan definitivo, do outro lado temos o mamona usando lápis no olho e se engraçando com o negão.

    ResponderExcluir
  3. Deveria ter encontrado esse blog a uns 3 anos atrás...bem vamos lá:
    Primeiro, o fato do novo filme do conan não ter sido como todos queriam, não foi culpa do protagonista e sim do diretor( marcus nispel) ESSE grande FILHOda PUTA.
    O roteiro do filme, pra quem entende disso... não é ruim...chega ser até bom comparando com os antigos...só que já existem outras franquias, que utilizam a mesma linguagem (narrativa) portanto, a sequencia ficou meio repetitiva e mal executada em termos de um rebout...pois todos só sabem criticar quando oferecem esse tipo de filme.
    Concordo que o jovem conan( leo howard) transmitiu a idéia de um piscopata, eu teri feito ele caçando na floresta, mostrando que o conan, era um hábil caçador e conhecedor do ambiente à sua volta....mas, fazer oque né. Porém, vemos que o conan é isso mesmo, desde pequeno já estava definido como grande guerreiro, matador de pictos..POOORRRa DEMAIS!!
    No antigo, ODEIO a POORRA da idéia de MERDA que ALGUM idiota teve, de fazer o cimério ser aprisionado durnate décadas, empurrando a porra de uma roda... conan, o boi humano.
    ISSO SIM È UMA MERDA...durante esse tempo, no filme antigo, nem sequer tentar fugir o cara tenta...servil e obediente... muito diferente do que o conan é.
    Nesse ponto, o novo acerta e muito...pois mostra um conan crescendo emmeio a selavgeria da era hiboriana.... coisa que só quem é fã do cimério conhece e entende.
    Outra cena lamentável do antigo, é qunado vemos os 3, Subotai, valéria e conan ,...nesta sequencia, subindo a torre da serpente( ref. À torre do elefante) subotai sobe usando facas, cravando-as nas fissuras da torre, de forma exímia e perícia..valéria vem logo abaixo...e por último arnold o bárbaro, com certa dificuldade, sem nem demonstrar habilidade, pois os cimérios já escalavam as paredes de seus berços antes mesmo de aprederem a andar...assim dizia o bárbaro.
    Mesmo sendo um filme,porra, todos criticam o momoa dizendo que o cara usava lapizinho, e girava a espada assim e coisa e tal...frescura de quem curte macho sarado e tosco. Pois nunca ví cena alguma em que o arnold demosntrasse certa habilidade com a espada, para fazer de seu personagem algo icónico...só nos closes girando e fazendo arcos e forçando os músculos, prefiro as pinturas do Frazetta.
    Pra encerrar, repito as frases do próprio John Millius, quando questionado pelo produtor dino de laurentis...’’por que tem que ser o arnold a interpretar o personagem principal. Millius, como grande estrategista, e ótimo com as palavras, argumentou: se não for o Arnold, teremos que construir o personagem.... os caras queriam apenas vestir o arnold como cona, dar uma espada pra ele e deixar ele ser oque ele era ... uma cara grande, cheio de músculos e sem nenhuma apitidão artística pra incorporar o personagem, coisa que o momoa fez muito bem, e o cara é bem alto e forte, do mesmo porte do Chris hewmswort ( o thor), pena que não deram tanto tempo pro cara ganhar massa e defini-la...ele teve de fazer tudo isso durante as filmagens...mas é mais simples pros desinformados e aprendizes de críticos(sem futuro) rsumor tudo isso que falei em uma única frase: droga de filme.

    ResponderExcluir