segunda-feira, 20 de março de 2017

Juntas soltas: Makai Kadö GARO

Normalmente, minhas reviews de brinquedos focam na linha-mor da minha coleção - Transformers. Mas desta vez temos uma exceção - que foi vista no velho Juntas Soltas, em vídeo, que nunca mais será visto. Falo aqui de uma figura de um Tokusatsu, um seriado de "super-heróis" japonês, no caso 牙狼 (GARO), uma série do gênero feita para o público adulto em 2005. Exibida pela TV Tokyo durante as madrugadas.

Com intermináveis spin-offs desde então, a série original focava na vida de Kouga Saezima, o epônimo cavaleiro dourado GARO, um dos cavaleiros do Makai encarregados de combater monstros chamados Horrores. A série se destacava pelo roteiro mais maduro e dramático e pelo figurino mais complexo que a média para séries do gênero. 

Lançado em 2011 pela Bandai como o primeiro lançamento da linha Makai Kadö, esta figura do cavaleiro dourado tenta capturar todos os detalhes da armadura usada na série - ao contrário do seu  primeiro lançamento na linha S.H. Figuarts, que simplificou o design para viabilizar a articulação - reaproveitando e aprimorando o primeiro lançamento do personagem na linha Equip and Prop, de 2006. 




Com cerca de 20cm de altura, esta encarnação do Cavaleiro de Ouro é espetacularmente detalhada, embora seus braços pareçam um tanto longos e haja alguma dificuldade em estabelecer poses "neutras". Com a exceção das juntas, tudo é farta e detalhadamente coberto de tinta.


O símbolo no cinturão é feito em plástico transparente, pintado em dourado e prata, enquanto a malha sob a armadura é pintada de verde para reforçar o padrão de cota de malha no sculpting.




Filigranas esculpidas cobrem praticamente toda a figura - mesmo em partes "insignificantes", como a traseira das pernas ou a malha dentro das coxas. 


 O headsculpt em particular se destaca no nível de detalhes. Além das filigranas, temos dentes (pintados individualmente), uma mandíbula articulada, olhos em plástico transparente (prejudicados pela falta de um canal de luz) e sobrancelhas detalhadas. Infelizmente, o movimento da cabeça é limitado pelo colarinho.


E movimento limitado praticamente define a articulação do GARO: com juntas na cintura, tórax, pescoço, ombros, bíceps, pulsos, cotovelos, quadris, joelhos, antebraços e calcanhares, ele deveria ter uma mobilidade impressionante, mas os detalhes esculpidos ficam no caminho e algumas juntas - como as dos quadris - são quase inúteis como resultado. Problema exarcebado devido a dificuldade considerável que ele tem em ficar em pé.

O que não o impede de fazer algumas poses "dramáticas" da forma errada. 


Como um boneco japonês voltado para colecionadores, GARO tem uma miríade de acessórios, começando por uma capa feita em plástico transparente com tinta dourada e preta. A modelagem do plástico dá a ilusão de estar sendo soprada pelo vento. 


Inclusas estão várias mãos diferentes: um par de punhos cerrados, uma segunda mão esquerda com o anel-demoníaco Zaruba, duas mãos "relaxadas" e uma mão direita em punho para segurar a Garoken

A Garoken é feita em metal e inclui uma bainha, moldada de forma a encaixar com perfeição nas mãos "relaxadas".


A espada é ricamente pintada, como toda a figura, e tem um bom peso. Mas infelizmente, esse mesmo peso faz com que ele tenha alguma dificuldade me segurá-la, graças às juntas frouxas e as ball-joints que lhe servem de pulso.


A mão direita relaxada serve bem para dar a ilusão de "buscar a espada". 


Além da espada e da bainha, GARO vem também com seu isqueiro, usado na série para identificar os horrores e para acender a espada.  Moldado em plástico transparente com uma injeção de corante verde e uma menticulosa pintura em verde, prata e ouro, o isqueiro leva o prêmio como um dos menores e mais intricados acessórios em toda a minha coleção.


Por último, há uma segunda Garoken envolta pelas chamas infernais do isqueiro Madö. Feita em plástico transparente com uma injeção de corante conectado a um cabo de plástico opaco pintado, essa versão da espada é segurada pelo boneco com mais facilidade - mesmo sendo consideravelmente maior.


A versão Makai Kadö de GARO ressalta um problema recorrente em certas linhas para colecionadores: forma, em detrimento da funcionalidade. Embora não seja um caso tão grave quanto "action figures" de um ponto de articulação ou com membros em poses pré-determinadas (que tornam a articulação existente inútil) de certas empresas, o resultado ainda é um boneco que é bonito - e pouco mais que isso. Cada uma das fotos nessa review exigiu vários minutos lidando com suas juntas bloqueadas e frágeis e com a incapacidade de suas mãos em lidar com o peso de seus acessórios. E ao fim, com o temor de que ele vá cair do alto da estante e me obrigar a posá-lo novamente em busca de alguma posição onde ele não tombe. 

Bonito, mas frustrante.

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