terça-feira, 29 de maio de 2012

Critica: Homens de Preto 3

Não é necessário procurar muito para ver evidências claras da falência criativa de Hollywood, e talvez não haja sinal mais claro do que a onda gigantesca de remakes, adaptações de séries velhas e releituras que tem assolado o cinema americano nos últimos cinco anos. Mas nada chega a um nível tão óbvio quanto fazer uma terceira iteração de um filme de 14 anos atrás - e cuja sequência foi "mais do mesmo" há precisos DEZ anos. E este é o caso de Homens de Preto 3: total falência criativa.

Não que o filme seja ruim, é apenas dolorosamente derivativo - e certamente, de forma alguma é bom. São poucos os filmes que conseguem ficar tão insipidos quanto MiB3 e serem completamente "medianos", começando pelos personagens. Por um lado pouco tempo de cena de Tommy Lee Jones (o agente K) consegue dar finalmente um pouco de emoção ao sisudo e veterano agente, e de maneira convincente, e Josh Brolin ficou impressionante como um jovem K (e deixaram ele igual ao Tommy Lee Jones).

Por outro... Will Smith já cansou como o agente J, e era de se esperar que após 14 anos ele tivesse amadurecido ao menos um pouco. O vilão, Boris o Animal (Jemaine Clement), até seria interessante para a série de animação de MiB - mas para um filme de duas horas, ele é simplesmente unidimensional demais. Mas o ponto incomodo de MiB3 é Griff, o Arcaniano (Michael Stuhlbarg): um personagem que se destaca por dizer o que vai acontecer logo antes do evento. Se ele fosse um personagem de uma cena, tudo bem... Mas não, ele é uma figura central, e muito cansativa.

E é lamentável que o filme use de viagem no tempo apenas para explorar o passado do K, quando haviam tantas coisas nessa época que servem de material para MiB. O filme até tem boas sacadas - tanto no centro das cenas, como o Agente W (vulgo Andy Warhol), infiltrado no mundo da moda nos anos 60, quanto no fundo ("o proprietário da cabine policial azul, queira por favor comparecer a recepção" foi uma delas). E ainda por cima aproveitou mal o gancho da questão racial nos anos 60, isso depois de levantar o problema antes do salto temporal. Outro problema é a quantidade imensa de "lembrem-se do cara novo", com personagens como a agente O (Emma Thompson), e o falecido pai do agente J, nunca antes mencionados, enquanto personagens icônicos da franquia, como Frank o Pug e os gêmeos Bob e *coisa impronunciável* sumiram quase completamente.

Mas o ponto que mais me desapontou foi a questão visual. Enquanto o primeiro filme se destacava pelo excelente design de criaturas, esse terceiro parece ter economizado profundamente nesse aspecto. Foi uma jogada esperta os aliens estilo "máscara de latex" nos anos 60? Certamente que sim. Isso desculpa o vilão ter menos de dez segundos da sua forma verdadeira? Definitivamente não. Os únicos bons designs estão no começo do filme, e ainda assim teve alguns que me irritaram pela cara de pau - um dos aliens do restaurante do Wu tem a mesma maquiagem dos vampiros de Buffy, e isso é simplesmente preguiçoso.
Mas de forma geral, MiB 3 não é um filme ruim. Só não tem nada de excepcionalmente bom. É um filme divertido, nad mais. Certamente não justifica reviver a franquia.


domingo, 27 de maio de 2012

Crítica: Sete Dias com Marilyn

Tem certos filmes que são obras obrigatórias - o tipo de filme que você precisa ver, obras que marcam a história do cinema para sempre, mesmo sem sucesso comercial. E por mais que tenha um destaque muito menor do que o cinema hollywoodiano, o cinema britânico se destaca na produção desses obras fascinantes e inesquecíveis. E "Sete dias com Marilyn" não me deixou dúvidas de que seja um destes filmes notáveis, mesmo que não seja um caso de "criar escola".

Afinal, filmes biográficos não são novidade, mas  "Sete dias..." se destaca ao capturar a essência daquela que certamente é a maior estrela de cinema de todos os tempos: Marilyn Monroe (encarnada com perfeição por Michelle Williams, comprovando o dom dos maquiadores: normalmente ela não parece em nada com a "deusa" das telonas). O retrato traçado no roteiro de Adrian Hodges não cai na velha armadilha dos filmes biográficos, e não "pinta com delicadeza" a figura instável e difícil de Marilyn.

Em termos "oficiais", "Sete dias..." é sobre o hoje documentarista Colin Clark (vivido aqui pelo desconhecido Eddie Redmayne), e seu suposto caso com Monroe durante a árdua produção de "O Príncipe e a Corista" - o que ou faz dele o homem mais sortudo e azarado da história do cinema britânico, ou o maior mentiroso do cinema. E por mais que o personagem de Clark seja interessante, e um filme sobre um jovem de família rica que quase entra em desgraça para se "juntar ao circo"(no caso a indústria cinematográfica) possa ser algo bom em si, Clark serve apenas como uma desculpa para retratar Marilyn fora da personagem Marilyn Monroe - a figura por trás da máscara, assim por dizer.

E de maneira apropriada, Clark é um dos personagens mais "apagados" do filme - pudera, cercado de "semideuses" como Laurence Olivier (Kenneth Brannagh), Vivian Leigh (Julia Ormond) e Sybil Thorndike (Judi Dench) é óbvio que o então terceiro assistente de produção parecia "fraco". Não pela atuação ruim de Redmayne, mas pela presença de todos os outros personagens, capturados com intensidade pelo elenco. Muito se deu destaque para a presença de Emma Watson no elenco, e embora  a atuação dela não seja de maneira alguma ruim, não é algo que deveria ser o foco das atenções: ela tem um papel terciário no filme, com apenas quatro cenas, todas curtas.

Infelizmente, "Sete dias..." sofre do mesmo "problema" que todo filme histórico britânico: a clássica atenção inglesa aos detalhes, e a falta de "liberdades criativas" para apimentar a história - tão comuns no cinema americano - podem passar a impressão de um filme lento e tedioso. E de fato o é para quem não está acostumado com o ritmo mais sóbrio dos britânicos. E como todo filme arte no Brasil, ficou "tempo de menos" em cartaz. Mas ainda está disponível em algumas cidades, e certamente vale cada minuto. Se perdeu nos cinemas, pegue em DVD tão logo entre nas locadoras, a não ser que não se interesse por dramas históricos.



Argumentos ocos: "Beltrano é mais forte, portanto X é uma série melhor"

Mais uma série sem periodicidade (mas que eu já tenho dois outros em mente), argumentos ocos, desconstruindo o tipo de "argumentação" vazia que surge constantemente no meio nerd, e começando em "grande estilo" com o que eu chamo do Argumento DBZ: "O Goku daria uma surra em *insira personagem aqui*, portanto DBZ é melhor".

Não importa qual a série em questão. Não importa sequer se é uma série de ação, ou se as premissas estão certas, em algum lugar da Web - ou as vezes em uma conversa direta - alguém vai alegar que a série X é melhor que a série Y porque o protagonista da primeira é "mais forte". Eu também chamo isso de o argumento God of War - porque a fanbase do Kratos tinha uma época que adorava dizer que o Kratos é mais foda, portanto GoW é melhor que *insira jogo aqui*.

Em uma situação normal eu não precisaria entrar em detalhes de porque esse tipo de detalhe não influência em nada na qualidade do material discutido, mas a prevalência dessa sandice me força a entrar nesse aspecto antes de todos os outros. Eu realmente gostaria que alguém me explicasse como "o Vegeta poder destruir planetas" (em um filler) faz de DBZ uma obra melhor escrita do que, digamos, Hokuto no Ken (para se manter no mesmo gênero). Ou como o Strike Freedom (de Gundam SEED Destiny) ser uma máquina de destruição intocável faz de GSD uma série melhor do que 0080, ou como o Superman é um personagem melhor que o Aquaman só por ter mais poderes.

O que torna uma história boa? Certamente não é "o protagonista ser invencível", mas sim personagens interessantes, uma boa cadência, uma trama cativante, desenvolvimento de personagem... Coisas que faltam muito para certas "histórias". De uma certa maneira, essa argumentação é uma muleta: quando acabam os pontos para afirmar superioridade da sua franquia preferida, se apela para "meu protagonista bate no seu". É quase como criança pequena com "meu pai é mais *insira adjetivo* que o seu". Talvez por isso seja tão predominante em certas fanbases.

arte por aruvinu.deviantart.com
Vide Gundam SEED Destiny: tem personagens mais interessantes que outras séries de Gundam? Não, tem um monte de personagens unidimensionais, e nada mais. Tem uma trama boa? Outro zero, tem uma tentativa muito mal feita de recriar Zeta Gundam, e um protagonista que é abandonado pela trama no meio, dando lugar ao protagonista anterior. Tem cenas de ação boas? Durante a primeira metade da série, sim - depois disso, é "olhem como o Strike Freedom é awesome". E confrontados com o fato de que tem numerosas séries de Gundam melhores por aí, para não mencionar outros mechas, qual a reação dos fans de SEED Destiny? "Mas o Kira derrotava todos eles". ( e como notado abaixo, raramente é uma afirmação verdadeira).

O raciocínio vazio se torna ainda mais "hã?!" quando se nota que uma crítica comum a certos personagens é que eles são "poderosos demais". E muitas vezes, esse outro argumento é usado pelos mesmos que alegam que DBZ é o melhor anime do mundo porque o Goku pode explodir planetas.

Mas há um outro ponto em que esse discurso se torna insuportável: quando ele se torna completamente desconectado da "realidade" ficcional da qual está tratando. Em si, já não é uma resposta válida, mas se torna quase cômico quando tem manifestações dementes como alegar que qualquer personagem de DBZ venceria, digamos, Tengen Toppa Gurren Lagann - uma máquina grande o bastante para usar GALÁXIAS como Shurikens. Por isso que eu chamo de argumento DBZ: a fanbase de Dragon Ball é a primeira a saltar nesse trem, especialmente quando a afirmação estaria errada.

E aí se veem tentativas de justificar como o elenco de Dragon Ball é melhor que *insira coisa aqui* por que são mais fortes - mesmo não sendo. E DBZ definitivamente ganha o troféu "não tenho com o que argumentar": os personagens são superficiais, tem dois que são interessantes e tem desenvolvimento (embora sejam o mesmo arquétipo). A trama é vazia, os vilões são maus por serem maus, e o andamento da série original é vagaroso. Não que seja RUIM, não me levem a mau: mas não é de forma alguma uma série profunda, ou bem escrita.



Se depender da fanbase de DBZ, personagens de fato divinos como Asura, o Destruidor, War God Demonbane, e o mencionado TTGL se movem a menos que a velocidade do som, e não conseguiriam destruir uma montanha - mesmo sendo demonstrados destruindo planetas e estrelas sem muito esforço - enquanto o Kuririn é capaz de explodir o sistema solar com um peido. E essa é a pior parte desse tipo de discussão: ela envolve fãs irracionais inventando poderes do nada, e apagando habilidades da oposição para que o seu personagem ganhe. Já vi muitas discussões de Superman vs Goku que colocam um hipotético (e nunca demonstrado) Goku pós DBGT contra um Superman pós-crise - como se fosse justo colocar um no seu ponto máximo, e outro em um dos pontos mais baixos da sua carreira.


Vai encarar? E isso é só a primeira forma do Emperor... Porém, Äh
continua sendo um mangá fraquinho, e sem final, mesmo com  o
rei do absurdo aqui.
O que eu estou querendo dizer é: Getter Emperor soca todos eles, e vocês não podem me provar errado, mas isso não faz de Getter Robo Äh um mangá melhor ou pior. (Muito pelo contrário: Por mais "épico" que seja, é a obra mais fraca de Ken Ishikawa).

segunda-feira, 21 de maio de 2012

Crítica: A batalha dos Três Reinos


A distribuição e o reconhecimento de filmes é uma coisa quase que engraçada, graças a economia e os interesses dos estúdios: é incrivelmente fácil encontrar filmes americanos, um pouco menos fácil os ingleses e (bizarramente) brasileiros, aí o restante do cinema europeu. Agora, quando se trata do cinema asiático, é raro encontrar por aqui algo que não seja um filme de terror, ou um filme de artes marciais. Duas coisas que “A Batalha dos Três Reinos” (Chi Bi, China, 2008) definitivamente não é.

Chi Bi é o retorno do renomado diretor de filmes de ação John Woo ao cinema chinês, e sua primeira empreitada em produzir um drama histórico. No início do século III, o primeiro ministro da China, Cao Cao (Zhang Fengyi) convence o jovem imperador Xian de Han (Wang Ning, com apenas uma cena) a mobilizar todo o exército imperial para capturar o senhor feudal Liu Bei (You Yong). Para contornar a situação, o estrategista das forças de Liu Bei, Zhuge Liang (Takeshi Kaneshiro) se dirige ao regente da província de Wu, Sun Quan (Chang Chen) e seu estrategista, Zhou Yu (Tony Leung Chiu-Wai). E nos penhascos vermelhos de Chi Bi, as forças desses três generais se encontram, em uma batalha que decidirá o futuro da China.


Mesmo sem experiência na direção de épicos, Woo não decepciona: a belíssima composição de cena que lhe deu destaque nos filmes de ação dá as caras na composição tanto das cenas políticas quanto das batalhas. Sem o “balé” que marca os filmes de Wu Xia (vulgo o “kung-fu voador” as cenas de guerra de Chi Bi são ainda mais tragicamente belas em sua seca brutalidade. A maneira que o filme aproveita o imenso número de figurantes e as flâmulas esvoaçantes nas formações dos exércitos, junto com as cores vivas – e naturais, coisa que está cada vez mais rara nos filmes de Hollywood – é em si uma obra de arte.

Porém, por mais belo que Chi Bi seja, é um filme para poucos: com um tópico incomum para o cinema ocidental e sem os chamarizes da maior parte dos (parcos) filmes chineses que vêm para o Brasil, Chi Bi é um filme lento e as vezes cansativo, quando não está nas cenas de ação. E para quem não está preparado, o áudio em mandarim pode ser desconcertante, sendo trabalhoso até para reconhecer nomes. Não ajuda que alguns dos atores são bastante parecidos - e não digo isso como em "são todos chineses, todos parecem", mas sim no sentido de serem parecidos como Natalie Portman e Keira Knightley em "A Ameaça Fantasma". Felizmente esse problema só ocorre com personagens secundários.

Mas o problema maior com o filme não é nada no filme em si, mas sim na versão disponível no Brasil: a versão asiática de Chi Bi eram dois filmes de 2h20, enquanto a versão “internacional” é apenas um filme de 2h30 – dez minutos destes de narração estabelecendo o contexto histórico. Ou seja, metade do filme foi cortado fora. E este "detalhe" é inaceitável. Não apenas é mais de metade do filme que "caiu", mas as algumas das cenas mantidas tinham menos importância do que o que caiu fora. Grande gafe neste aspecto...


quinta-feira, 17 de maio de 2012

Oh shit: Ursinhos Carinhosos estão de volta...

Depois do sucesso da My Little Pony: Friendship is Magic, a Hasbro parece estar decidida a reviver franquias esquecíveis - e parece não ter notado o que levou MLP: FiM a dar tão certo... Mês que vem estreia no The Hub o desenho novo dos... Ursinhos Carinhosos. E bem, de acordo com o release de imprensa da Hasbro, a ideia é de fato "seguir o sucesso de MLP".


De acordo com a Hasbro, "Care Bears" tem o "mesmo espírito de amizade e o visual reimaginado em computação gráfica que fizeram de MLP: FiM um sucesso cult". Mas o pouco que foi demonstrado do desenho (francamente indesejado) contam outra história. Começando pela parte visual, como isso:


Remete a isso:

Eu realmente quero saber. Mas a parte mais importante: enquanto MLP:FiM é essencialmente um "Slice of Life", o pouco que foi exibido de Care Bears parece ser a mesmíssima coisa que era o desenho original, incluindo os companheiros humanos desnecessários, e que tornavam o desenho intolerável mesmo quando eu era pequeno. Para ter uma ideia: a cena acima é que o Grumpy (o urso azul) está irritado por que o Tenderheart prefere demonstrar suas "habilidades de rima" a comer o cereal que ele fez. E por algum motivo, eu aposto na total ausência de referencias obscuras, ao contrário de MLP, que chegou a ter um pseudo cameo do elenco de O Grande Lebowsky. Por melhor que seja MLP, eu nem vou dar uma chance para essa abominação. Isso é do nível de chamar o seriado do Arqueiro VERDE só de "Arrow", porque Green Lantern e Green Beetle fracassaram.

E ainda assim, o The Hub parece ter apostado pesado em conquistar a mesma fanbase de MLP:FiM, incluindo pré criar um termo para a fanbase... Enquanto os fans de MLP criaram o termo "brony", Care Bears já vem com um apelido "pronto", demonstrando como o pessoal de marketing não sabe que não se força um meme: Belly Bros. Ninguém vai usar esse termo, pra começar que não vai haver fanbase. E mesmo que houvesse... eles criariam outro apelido, o site Comics Alliance sugeriu jocosamente "Care Dudes", como Bill S. Preston e Theodore Logan chamariam um enfermeiro... Alguém tem ideias melhores?


quarta-feira, 16 de maio de 2012

E a saga das torradeiras continua...

E eu que achava que a fronteira do ridículo tinha sido alcançada com o combo de esmalte e torradeira do Homem-Aranha... Mas não, para a minha surpresa, a falta de noção do merchandising cruzou uma nova barreira. Estão prontos? Porque a bomba é grande...


Lá vai então: a Dynamic Forces está lançando uma linha de torradeiras (claro) de vários filmes e séries da Warner. Assim como a torradeira do cabeça de teia, a coleção (não acredito que estou falando em coleção de torradeiras)é feita de maneira a marcar as torradas com algo da série ou filme. Até aí, tudo bem, exceto que um dos filmes "agraciados" com o eletrodoméstico é Watchmen. Sim, senhoras e senhores, conheçam a torradeira do Rorschach!

Antes que comece o festival de ódio a DC Comics por essa, dessa vez eles não tem culpa alguma, o problema é a companhia mãe, a Warner. Entre as outras obras que vão receber torradeiras, estão O Mágico de Oz, Friends, e Os Goonies. E bem, se alguém não vê problema em um produto nível "Japão" (vendo que é o país onde há até bares de Gundam, por exemplo) de merchandising, então aproveitem as torradas do Rorschach.

terça-feira, 15 de maio de 2012

Arqueiro Verde a caminho das telinhas.

E parece que contrariando todas as minhas expectativas, o Arqueiro Verde vai de fato ganhar uma série de TV... Segundo o site Comic Book Resources, Oliver Quinn deve ganhar uma temporada completa no canal americano CW por volta de setembro. E para a minha total surpresa, o seriado não será um spin off de Smallville, como antes havia sido especulado.

O seriado, com o título apenas de "Arrow", vai estrelar Stephen Amell no papel de Quinn, um playboy milionário que passa cinco anos isolado em uma remota ilha do pacífico. De volta a Starling City (porque obviamente, só Star City era bobo demais...), Quinn decide usar as habilidades que desenvolveu no isolamento para combater os males que assolam a cidade e corrigir os crimes cometidos pela sua família. A premissa soa promissora, mas tem um fator que me preocupa, e muito...

Por trás dos roteiros estão Greg Berlanti e Mark Guggenheim, do fiasco do filme do Lanterna Verde, e isso não é um bom sinal. Por outro lado, Roberto Orci e Alex Kurtzman foram os responsáveis pelo horror de Revenge of the Fallen, e agora estão fazendo um trabalho primoroso em Transformers Prime. É esperar que Berlanti e Guggenheim não repitam os inúmeros problemas de Lanterna Verde. E como um bom sinal, na direção está David Nutter, de Game of Thrones. Agora é esperar pelo melhor.

O que eu realmente espero é que se aproveite a excelente caracterização do Arqueiro Verde nos anos 70, e seu envolvimento com os movimentos sociais e a esquerda política, especialmente nestes tempos de Occupy e outros protestos em massa. E se não for pedir demais... podemos ter O BIGODE E A BARBICHA, por favor?

Crítica: Man of Many Minds.

Mais uma crítica de Ficção Científica aqui, e dessa vez o completo oposto da minha última recomendação, "Blindsight". Enquanto o livro do Peter Watts é um exemplo perfeito de ficção científica "Hard", Man of Many Minds, de E. Everett Evans, está entre as obras mais "soft" que tive acesso.

Conspirações extraterrestres, naves espaciais nunca explicadas, total descaso com escala, poderes da mente vagos e uma trama simplória marcam "Many Minds". Não que o livro seja ruim em si, entendam: a questão é que ele não levanta nenhum questionamento profundo sobre a sociedade, sobre ciência, ou sobre, bem, qualquer coisa.

Dotado da incrível habilidade de ler pensamentos, o jovem cadete da Corporação Inter-Estelar George Hanlon é "gentilmente" convidado a entrar para o serviço secreto da corporação. Para este fim, publicamente ele tem que ser expulso em desonra do órgão de segurança da federação - porque, eu não entendi. Não é como se agentes de inteligência tivessem que ser publicamente humilhados para assumir o cargo.

Como primeira (e única no livro) missão, Hanlon é enviado para o planeta Simonides, para coibir uma conspiração que visa derrubar o controle da federação sobre o sistema. A trama em si é só isso. No caminho, Hanlon expande seus poderes psíquicos para controlar animais (e separar sua mente para controlar vários de uma vez), de alguma maneira desenvolve maquinário para se comunicar com os homens planta do planeta Guddu, e expõe o primeiro ministro de Simonides como um alienígena dotado de poderes psíquicos parecidos com o seu - isso após matar ele com um enxame de vespas. Sim, eu dei spoilers do livro inteiro.

Man of Many Minds é uma leitura agradável, mas vazia: é como um filme pipoca, não daqueles atrozes como "Ballistic: X versus Sever", ou "Revenge of the Fallen", mas como um "O Protetor" ou o eterno clássico do Schwarzenegger, "True Lies". Você não vai aprender nada de novo, vai terminar a leitura do mesmo jeito que começou, mas ao menos se diverte. O ritmo da trama é agradável, os personagens, embora superficiais, tem todos uma raison d'etre na trama - nada acaba parecendo padding para esticar o texto. O único problema mesmo é que é um livrinho bem idiota. E adoro como a capa original do livro faz parecer que o personagem título é o vilão, não o herói da história. Bonito...

O texto completo está disponível em inglês no site do projeto Gutenberg. Deem uma olhada, se lhes interessou.

segunda-feira, 14 de maio de 2012

A vingança da Harley está a caminho...

Todos prontos? Dia 29 deste mês finalmente sai a expansão de Batman: Arkham City, "Harley Quinn's Revenge". Para quem não tem o jogo, ela será inclusa na Game of the Year Edition, que sai no final do mês. E para quem já tem, Deve custar 800 microsoft points, ou US$ 9,99 na PSN. Ou seja, o preço padrão dessas coisas.

Continuando a história a partir da dramática conclusão de Arkham City, o DLC alterna entre o Batman e o Robin enquanto eles lidam com a nova investida de Harley contra o complexo penitenciário de Arkham City. E para a (pequena) decepção dos fãs, o Robin não vai ter partes de exploração livre de Arkham, o que é uma pena. Como eu ainda não terminei direito o Arkham City, vou esperar um pouco antes de investir em Harley Quinn's Revenge. Abaixo seguem imagens melhores.







Battleship: Você afundou minha boa vontade!

Existem ocasiões em que uma boa direção, um bom roteiro ou uma bela cenografia conseguem salvar até a pior das premissas. Alguns filmes se destacam como obras de qualidade, mesmo com um roteiro pífio, ou um visual fraco, por que algum elemento se destaca de tal maneira que o espectador consegue ignorar a ausência do resto. Mas quando o que tenta salvar a fita são os efeitos especiais, são raros os sucessos, e Battleship: Batalha dos Mares definitivamente não é um dos casos que escapa da mediocridade.



Com uma trama quase inexistente, personagens entre “descartáveis” e “irritantes”, um protagonista insuportável, e uma completa falta daquilo que mentes racionais chamariam de “nexo”, “coerência”, ou “sentido”, Battleship não passa de um espetáculo de explosões digno do diretor Michael Bay, e é de se surpreender que ele não seja o responsável por este fiasco. Não, quem assina essa “obra prima” é Peter Berg, de outros dois filmes que esqueceram de ser algo além de pipoca: O Reino (2007) e Hancock (2008).

O nosso “herói” é Alex Hopper (Taylor Kitsch), um jovem irresponsável, impulsivo, e arrogante. Um completo oposto do irmão, Stone Hopper (Alexander Skarsgard ), um bem sucedido oficial da marinha. Depois que Alex invade uma loja de conveniência para roubar um burrito de frango e impressionar Sam (Brooklyn Decker), a filha do almirante Shane (Liam Neeson, que deve ter recebido uma fortuna por esse filme), Stone obriga o irmão a entrar para a marinha junto com ele. Cinco anos depois, Alex não mudou nada, e esta a beira da expulsão depois de agredir o capitão Nagata (Tadanobu Asano), quando alienígenas atacam durante um exercício simulado.

Qualquer detalhe além desse em termos de roteiro é só para o filme não parecer tão desmiolado. De certa maneira Battleship é um filme grandioso: definitivamente não em qualidade, mas em escala, em volume, e no nível de descaso que tem com o intelecto da audiência. Tem algo profundamente errado em um filme onde o protagonista é o personagem mais irritante, em meio à uma horda de personagens insuportáveis, e que cruza a linha do intolerável em sua primeira cena. E algo ainda mais errado quando a atuação menos horrível é da cantora Rihanna (não estou brincando, ela está nesse fiasco, porque alguém achou que era uma boa ideia).

Em ponto algum as motivações dos antagonistas são exploradas. O máximo que há de "porque" para o ataque alienígena (com apenas cinco embarcações!) é uma cena no começo do filme onde mandam um sinal de rádio para um planeta no sistema Gliese 621, e só. Não que fosse crível esperar um filme profundo partindo de um material de origem como...batalha naval. Talvez a única coisa realmente digna de nota no trabalho do Berg tenha sido construir uma cena inteira em cima das mecânicas do jogo. Pena que não salva o resto do filme, e nem desculpa basear um filme em batalha naval sem nunca proferir a frase “Você afundou meu navio de guerra”!

Se for assistir Battleship, deixe seu cérebro em casa. Sim, é um filme bonito, e algumas das cenas de batalha são muito bem montadas. Mas isso nem chega perto de perdoar o resto. Battleship é um filme de uma estupidez de proporções oceânicas, e que em minha opinião conseguiu fazer o improvável: ser pior do que a Vingança dos Derrotados. Se realmente quer ver isso, assista o trailer: ele tem tudo que o filme tem de "bom", os efeitos especiais e as explosões. O resto... ignorável.


quinta-feira, 10 de maio de 2012

Recomendado: Spinnerette

Mais uma recomendação de Webcomic de minha parte, e um que eu tenho que acompanhar mais (parei de ler na sexta edição, e não lembrei mais): Spinnerette, um dos melhores quadrinhos de super-heróis feitos para a Web, e que consegue obter aquele raro equilíbrio entre humor e drama, sem que uma coisa estrague a outra.

Começando como uma simples paródia do Homem-Aranha, Spinnerette é centrado na estudante de biologia Heather Brown, uma típica nerd socialmente retraida, que após um acidente de laboratório ganha poderes de aranha... incluindo quatro braços extras e a capacidade de soltar teias da... bunda (ou "da base das costas"). Como qualquer bom nerd com super-poderes, ela decide usar os novos dons para combater o crime, inicialmente sem muito sucesso - e ainda por cima com um processo contra ela por usar uma roupa parecida demais com a da Aracne/Mulher Aranha II, da Marvel!


Isso tudo enquanto tenta ocultar seus poderes (e braços extras) da população em geral, do seu professor orientador, e do governo. E como ela faz para esconder quatro braços a mais? Ora, com um traje de gorda, origem de uma parcela considerável do humor de Spinnerette. Outra grande parte do humor vem da imprudência e inexperiência da heroína, junto com a relação conturbada com a companheira de quarto e guardadora de segredos, a estudante de moda Sahira (responsável também pelo uniforme e a roupa de gorda).

 Tem pouco que dê para dizer de Spinnerette que não vá envolver spoilers consideráveis - o que pode ser dito tranquilamente é que o quadrinho envolve um elenco exótico e excêntrico, com heróis como o Tigre (que não é o Tigre Negro, só o Tigre, e que não usa anabolizantes!), Mecha Maid (parte máquina e parte empregada! Ou assim ela quer que pareça...), Green Gable (título passado entre as mulheres da sua família, pela primeira vez assumido por um homem! que não mudou a roupa!) e o meu preferido, o Lobisomem de Londres... Ontario.

A arte é fenomenal, com traço de Walter Gustavo Gomez (e duas edições de Fernando Furukawa), enquanto o roteiro não deve em nada - pudera, o quadrinho é do já veterano dos webcomics Sean Lindsay, vulgo Krazy Krow, que não perde nenhuma chance de referenciar outras HQs, webcomics, filmes e até coisas de RPGs (uma das primeiras vilãs era uma drider. De Dungeons&Dragons). Spinnerette no mínimo vale uma olhada, só para ver se agrada. Como dá para ver pela imagem ao lado, uma das edições só está disponível em forma impressa, e o livro já está esgotado... Também vale checar os outros quadrinhos de Sean Lindsay, todos em http://www.krakowstudios.com/. A arte é mais primitiva (até porque eram desenhados por ele mesmo), e o humor é mais bizarro, mas valem uma bisbilhotada.


Amazing Spider-Man tem o melhor extra EVER

Ok, meu interesse pelo jogo do novo filme do Homem-Aranha acaba de quintuplicar... Não bastava o jogo retornar aos bons tempos de Spider-Man 2 e Ultimate Spider-Man, no Playstation 2, e ainda puxar algumas coisas do excelente Arkham City, agora anunciaram o melhor extra da história dos jogos de heróis...

Vocês estão prontos? STAN LEE como um personagem jogável! A ideia é completamente insana, e justamente por isso que eu adorei! A lenda dos quadrinhos é um exclusivo para quem pré encomendar o jogo através da Amazon.com - embora seja bem provável que o velhinho saia posteriormente como um DLC. Além da experiência bizarra de jogar com um senhor de 89 anos (por algum motivo dotado dos poderes do aranha), o conteúdo também envolve um final especial. O site Kotaku especula que tenha algo a ver com o aniversário de 50 anos do cabeça de teia, ainda este ano.

E para quem tem como pré-encomendar o jogo, mas não quer jogar com Stan Lee (como isso!?), os pre-orders da Gamestop tem outro extra: o modo Rhino Challenge, que coloca os jogadores na pele do brutamontes fantasiado de rinoceronte. Ia ser bom se tivesse como botar o Stan Lee para enfrentar o Rhino, mas acho que ai é pedir demais.

Nerd Sinal #4: Saint Seiya e seus inúmeros problemas



Com um atraso digno de um Rob Liefeld, ou dos mangás de Evangelion, finalmente temos mais um Nerd Sinal, e bem, esse aqui é um shitstorm esperando para acontecer. Sei que Cavaleiros do Zodíaco/Saint Seiya tem muitos fãs fervorosos, mas bem... no meu ver a série é tão entupida de tosquices que nos pontos que é "boa", é por ser "tão ruim que é boa". Já me preparo para os insultos...

quarta-feira, 9 de maio de 2012

Não é anime: Transformers

Acho que não há desenho mais erroneamente chamado de anime do que o desenho original de Transformers, e até é fácil de entender como as pessoas chegam a essa conclusão. Afinal, se Voltron, Robotech, G-Force, Zillion e Starblazers eram desenhos japoneses reeditados, e os bonecos de Transformers eram bonecos japoneses renomeados, logicamente, Transformers era um desenho japonês editado, certo? Não tinha um desenho japonês chamado Fight! Super Robot Lifeform Transformers? É o original, não?.


Bem... essa conclusão não poderia estar mais errada... Sim, Transformers foi fruto de adaptações de uma série japonesa - de brinquedos. Em 1983 a Hasbro adquiriu um bocado de coisas das linhas Diaclone e Microchange (ironicamente, Microchange era um derivado de Microman, que surgiu a partir dos bonecos de G.I. Joe), e inicialmente o plano era usar a ficção "original" de Diaclone.


Só tinha um problema: o material de origem era incompreensível, sem uma série animada ou quadrinho que contasse, só alguns livretos junto com cada boneco. Diaclone era sobre robôs gigantes feitos na terra, contra insetos e répteis robóticos do espaço - e eram robôs pilotados, para ver o quão diferente de Transformers o conceito era. Já a linha Microchange... Sabem o porque o Megatron de geração 1 vira uma arma? Ou o Soundwave um gravador? Os bonecos de Microchange eram em "tamanho real", e isso gerou algumas bizarrices em Transformers.

Esse cara.
A ficção de Transformers não veio do Japão. Não, ela veio de uma das maiores fontes de super-heróis e de ideias de gerico que deram certo no mundo: A Marvel Comics, a pedido da Hasbro. O responsável pela maioria dos personagens e dos nomes? O nova iorquino Bob Budiansky, que fãs da casa das ideias talvez conheçam também como o criador do Sonambulo, ou como o editor do Homem-Aranha entre 94 e 95. Budiansky já tinha um pouco do mythos de Transformers preparado anteriormente pelos editores da Marvel Jim Shooter e Dennis O'Neil - material rejeitado pela Hasbro, e que ele "consertou" em uma semana.

AKOM: Ignorando escala desde 1986
Mas a animação é japonesa, certo? Beeem... Sim, e não: a produção do desenho original ficou a cargo da Sunbow Productions, enquanto a Marvel preparava os roteiros. O design de personagem foi em grande parte do filipino Floro Dery, em cima da arte conceitual dos bonecos. De fato, parte da animação foi feita por estúdios japoneses, entre eles a Toei e a Tokyo Movie Shinsha. Mas também foi feita por vários estúdios coreanos, entre eles a infame AKOM. E se formos considerar como sendo um Anime por causa disso, bem, tudo em termos de animação é anime. Os Simpsons foi animado pela Toei; Batman The Animated Series, idem. Caverna do Dragão, também.

Um pequeno exemplo da ruindade da
animação de Energon/Superlink
Porém essa situação se aplica ao desenho original de Transformers, Transformers Animated, Prime, Beast Wars e Beast Machines (essas duas animadas e produzidas no Canadá). Robots in Disguise, sim, é um desenho japonês, enquanto a trilogia do Unicron é um caso nebuloso: Armada, Energon e Cybertron foram produzidas no Japão, sobre roteiros e conceitos feitos nos EUA (tirando Galaxy Force, que jogou fora tudo que a Hasbro mandava, aparentemente). Energon também sofre com animação muito ruim, com uma CGI vastamente inferior a de Beast Wars, seis anos antes.

O que há de séries japonesas de fato de Transformers? Headmasters, Masterforce e Victory se propõe como continuações de G1 (sem muito sucesso, diga-se de passagem). Headmasters se encaixa um pouco melhor no todo, mas as duas últimas são muito mais parecidas com Yuusha e super-robôs em geral do que com Transformers. Zone é um OVA francamente esquecível, e quanto menos se falar das continuações japonesas de Beast Wars, melhor.

Vilões incríveis como o cisto mágico, Devil Z!
De forma geral, as séries japonesas de Transformers são marcadas por piadas desnecessárias, humor juvenil, coisas sem explicação alguma, e no caso de Masterforce e Zone, vilões que nada tem a ver com Transformers. Para não mencionar deixar as personagens femininas ainda menos presentes (ou cortar elas fora, como fizeram com a Airrazor, tornando ela um guri). E pior, parte desses problemas se estendem as dublagens, como a quantia obscena de piadas sem necessidade na dublagem de Beast Wars. Os bonecos japoneses podem ser melhores, mas a ficção é pior, muito pior.

terça-feira, 8 de maio de 2012

Crítica: O Fim da Infância.


O Fim da Infância, de Sir Arthur C. Clarke, não trata, como pode indicar o título, da infância, ao menos não da maneira como a entendemos. Obra seminal da Ficção Científica "Hard", O fim da infância traz uma "invasão" alienígena benevolente, sem qualquer fazer disso uma trama de resistência contra o invasor, ou uma trama de conspiração, como na série de TV "V", ou a série 3 de Torchwood, "Children of Earth" (ambas britânicas, diga-se de passagem).

Ao invés disso, Clarke usa o contato da humanidade com os misteriosos "Senhores Supremos" como pano de fundo para a discussão sobre o lugar do homem no universo, seu futuro, a importância da cultura e da ciência em nossas vidas, e seu fim. Publicado originalmente em 53, O fim da infância é um dos livros da fase mais esotérica de Clarke, tendo um dos raros exemplos de "misticismo" em sua obra que não é explicado como "ciência suficientemente avançada". (Embora talvez o seja, a julgar por The Mad Mind... Não dá para saber se a Mente Cósmica não surgiu da mesma forma que a Mente Insana).



Com uma forma bem tradicional, Clarke usa de uma das estruturas mais básicas e clássicas da narrativa, dividindo o livro em prólogo e três atos (introdução, conflito e resolução), embora cada ato possa ser divido em seus próprios três atos. Notavelmente, O fim da infância carece completamente de um epílogo. Embora peque levemente nos diálogos, um tanto fracos, como é infelizmente comum no gênero, as descrições e a mensagem de Clarke são altamente impactantes. seja em sua "não-comparação" dos novos humanos - os últimos humanos- com cadáveres, ou na maneira como o líder dos Senhores Supremos demonstra a insignificância da sabedoria humana perante a imensidão do cósmos - e posteriormente sua manifestação de sincera preocupação de que a humanidade não siga pelo mesmo caminho - Clarke não peca, não falha e não corta pedaços.

digamos que eles tinham motivos
para se esconder (arte de Wayne
Barlowe).
O prólogo e o primeiro ato focam-se exclusivamente na reação e relação da humanidade aos senhores supremos e sua influência; como tal, é a parte mais fácil de ser entendida, e também a mais "comum". Tão acostumados estamos com o clichê de alienigenas aparentemente bondosos, que é comum nessa parte esperar que os Senhores Supremos revelem-se como canibais, tiranos, ou algo do genêro. Ao invés disso, o líder dos Senhores, Karellen, traz uma verdadeira, e sincera, utopia para a humanidade, com apenas duas restrições : O espaço eexterior não pertence aos humanos, seu lugar é na terra, e o fim de toda e qualquer pesquisa relacionada, mesmo que tangencialmente com certos temas específicos. O ato encerra-se no momento em que, após 50 anos de mistério, Karellen e seus compatriotas abandonam suas naves, e revelam-se para a humanidade.

O ato seguinte lida com a humanidade um tanto apática, com todas as suas necessidades atendidas pelos senhores supremos, e o desenvolvimento de uma "nova humanidade", reviravolta esperada pelos Senhores Supremos. Dois personagens servem de foco aqui : Jeffrey Greggson, o primeiro dos novos homens, e Jan Rodricks, um jovem movido a necessidade de conhecer o espaço. É aqui que o livro encontra sua força; O desenvolvimento dos dons de Jeff, e seu crescente isolamento da humanidade contrastam com a representação triste da sociedade dos senhores supremos presenciada por Jan. De um lado, temos Jeff e os outros pós humanos emergentes, tão sublimados que o mundo físico não lhes tem mais significado, e do outro, o planeta natal dos senhores supremos, onde, apesar de todo o conhecimento e tecnologia, vemos uma espécie que está tão sem rumo, que a extinção lhes parece agradável.

Antes da total alienação de Jeff, é em seus sonhos que se vê a grande inspiração de Clarke, pois a viagem mental de Jeff, por planetas distantes e fantásticos remete de imediato ao livro "Star Maker", de Olaf Stapledon; e é na enigmática mente cósmica do 3º ato que se vê a manifestação máxima dessa inspiração. Enquanto Jeff viaja pelo cosmo em seus sonhos, enquanto ainda mantém contato com seus pais, o narrador de Star Maker explora mentalmente o universo. Mas se Jeff o faz como preparação subconsciente para unir-se a mente cósmica, o narrador em Star Maker torna-se a mente cósmica no término de sua viagem.

Esse ato final inicia-se quando Jan retorna a Terra, após 80 anos, que, graças a dilatação do tempo por viajar próximo a velocidade da luz, para ele foram apenas alguns meses, passados no lar dos Senhores Supremos. Ao retornar para a Terra, Jan, sem motivos para esticar sua existência ainda mais, torna-se o "documentarista" do fim. Em um dos textos mais belos da ficção científica, os Senhores Supremos narram a Jan o fim da humanidade, resumido tristemente em uma única frase : "Era um fim que nenhum profeta jamais previra... um fim que repudiava igualmente o otimismo e o pessimismo".

A ideologia de Clarke, em sua juventude, não meramente transparece, mas permeia o texto. Independente de concordar ou discordar do autor, o fim da humanidade, não, da Terra, como descrito em o Fim da Infância é de fato ambívalente : por um ponto, é o fim, e não há dúvidas disso. Por outro, em seus espasmos de morte, a humanidade gerou algo superior, e sem qualquer comparação com o que antecedeu-a. Alguns podem ver esse final como sendo o mais deprimente da história. Outros, podem vê-lo como algo a ser almejado; inevitável que cause impacto, tamanho o choque que causa, com a expectativa comum de que, de alguma maneira, o "herói" salve o dia.

Segundo Pentágono, Vingadores "não faz sentido".

Eu morro e não ouço tudo... A história até parece uma piada, mas é séria: segundo uma entrevista dada pelo representante do Departamento de Defesa em Hollywood, Phil Strub (e isso é um cargo de verdade), à revista Wired, os Vingadores foi um dos poucos filmes de ação feitos sem o suporte do Pentágono.

Até aí, é só uma curiosidade, o que me deixou pasmo foi o motivo: o Departamento de Defesa retirou a ajuda na produção porque o filme "não era realista o bastante" (lembrem-se, esse é o órgão governamental que ajudou a fazer REVENGE OF THE FALLEN), e porque os militares não conseguiam entender a burocracia por trás da S.H.I.E.L.D.. Com vocês, a declaração bombástica de Strub.

We couldn't reconcile the unreality of this international organization and our place in it. To whom did S.H.I.E.L.D. answer? Did we work for S.H.I.E.L.D.? We hit that roadblock and decided we couldn't do anything [with Avengers].
É para rir ou para chorar? A história fica ainda mais engraçada depois que a Marvel tentou explicar para o DoD a relação da S.H.I.E.L.D. com o governo americano, o fato de que a versão dos filmes não é uma organização internacional (a sigla nos filmes significa Strategic Homeland Intervention, Enforcement and Logistics Division), e que está submetida ao controle do Departamento de Segurança Nacional, não o de Defesa. Mas segundo Strub, isso chegou ao ponto em que "não fazia sentido". Aí vem duas coisas... primeiro, Strub... os filmes de Transformers faziam sentido? Porque vocês apoiaram eles até os portões do inferno... E segundo: Sabe, eu não espero que a política de um filme estrelando um deus nórdico, um super-soldado, o Hulk e o Homem de  Ferro sejam ultra realistas...

Bat Batata, Super Batata e Batata Maravilha a caminho.

Bem, a onda de produtos estranhos nunca para, e o senhor Cabeça de Batata é definitivamente o rei das esquisitices... Depois de dar as caras como o Homem de Ferro, Darth Vader, Stormtroopers, Indiana Jones, Optimus Prime, Bumblebee, e por aí vai, em agosto o tubérculo de muitas caras vai ganhar mais três versões: Batman, Super Homem e Mulher Maravilha (Tá, essa é a SENHORA Cabeça de Batata, mas deu pra entender).

Enquanto os dois tijolos voadores estão nas suas roupas clássicas (ao invés das do novo 52), o morcegão está com a versão dos filmes do Nolan da bat-roupa. Mas ainda assim, são um trio interessante, no mínimo. O que me intriga é que eu sempre pensei que a Mattel e suas empresas licenciadas tivessem exclusividade sobre os heróis da DC... E de repente temos um dos ícones da Hasbro travestido como os heróis da mais antiga casa dos super-heróis? Dafuq.


segunda-feira, 7 de maio de 2012

Asura's Wrath, ou "Awesome: the Game".

Bem, esse fim de semana eu comecei ( e terminei) a jogar uma das coisas mais absurdas a serem lançadas em toda a história dos videogames: ASURA'S WRATH. Embora no meu ver seja errado chamar Asura's Wrath de jogo. O mais correto seria chamar de "anime interativo". Tanto em estilo, narrativa, visual... até nos DLCs, que estão mais para OVAs do que "extras".

Asura's Wrath (ou "I'm really f****** angry: the game) conta a história de Asura, um semideus muito, mas muito furioso. Parte dos oito generais celestes, o jogo abre com uma batalha totalmente épica contra os Gohma - entidades monstruosas geradas a partir da própria Terra Gaia. Após a vitória contra o "líder" dos Gohma, Vlitla, Asura é traído por seus companheiros, acusado de assassinar o imperador, e demonizado por seus "crimes". Sua esposa é assassinada, sua filha sequestrada, e Asura mandado para o Naraka. Após 12 mil anos, Asura volta em busca de vingança. Isso resumindo muito o começo do jogo.


sexta-feira, 4 de maio de 2012

Crítica: Blindsight

Eu tenho um gosto realmente estranho em livros... Mês passado eu terminei de ler Blindsight, do Peter Watts, e minha primeira reação foi "o que raios eu estou lendo?". Como um todo a obra de Watts prova o dilema clássico da Ficção Científica: "soft" demais e você afasta os leitores por ser muito "viajão". "Hard" demais, e o problema é que ninguém vai entender direito, e Blindsight leva esse lado ao extremo - e com uma elevada dose de cinismo para tornar a leitura ainda mais "pesada".

"Como você diz que vem em paz, quando meras palavras são um ato de guerra?". A pergunta, aparentemente tola, é a maneira mais sucinta de definir o horror existencial envolvido em Blindsight. Essa é uma história de "contato", mas sob uma perspectiva muito mais assustadora do que a de um embate com uma civilização hostil: Rorschach, a embarcação (ou organismo) alienígena que é o centro do livro não é maligno, belicoso, ou qualquer outra coisa do gênero. Também não é uma entidade amistosa, é simplesmente algo com o qual é completamente impossível de se comunicar.

Isso porque Rorschach e seus tripulantes/anticorpos/componentes (não é claro) são totalmente desprovidos do que nós conhecemos por consciência - não no sentido moral, mas de personalidade, anseios, criatividade. Identidade. Mas ao mesmo tempo, é dotada de uma inteligência muito superior a humana. Consciência não é um componente da inteligência, é um erro de programação, uma deficiência - este é o horror por traz de Blindsight, um horror que é muito bem pautado na neurologia.

Ao mesmo tempo, Rorschach - reagindo violentamente ao "virus memetico" que é a humanidade, com suas transmissões de "futilidades" como linguagem, música, poesia, e conversas banais consumindo valioso tempo de processamento do alienígena - ainda não é tão perturbador quanto os tripulantes da Theseus, a nave enviada para investigar o organismo. Ou a atrocidade envolvida na expedição em si.

Boa sorte tentando manter paralelos com algo "atual" quando se envolve pessoas como uma linguista que voluntariamente dividiu sua mente em várias personalidades (procedimento ao que tudo indica normal no futuro horrendo de Blindsight), um biólogo tão entupido de implantes cibernéticos que ele é literalmente desprovido de tato, um vampiro "real" (dotado de capacidades mentais sobre humanas, e nenhuma compaixão ou empatia), e o nosso "protagonista", o homem sem consciência.

Essa talvez seja a melhor maneira de definir Siri Keeton. Desprovido de metade do cérebro, após um procedimento experimental na infância, Keeton é incapaz de ter emoções próprias, mas é perfeitamente capaz de replicar as emoções dos outros. O empata absoluto, ou um completo sociopata, possivelmente as duas coisas. Keeton levanta a segunda parte da premissa de Watts: não apenas a consciência não é obrigatoriamente parte da inteligência, sequer ela é parte da inteligência humana, e a sociedade moderna beneficia esses "simulacros" de consciência, a ponto de ser impossível distinguir se o que está na sua frente é uma "mente humana", ou um intelecto "puro" fingindo ser humano - um sociopata completo, assim por dizer.

A formação científica de Watts é muito bem aproveitada em todo o livro, mas especialmente ao imaginar o interior ambiguamente "vivo" de Rorschach, e os "organismos" que nele habitam - claramente inspirados em estrelas do mar - Watts é biólogo marinho, fator que transparece em todos os seus livros. Eles, ou Rorschach, por se "comunicarem" magneticamente podem influenciar e ler as correntes elétricas do cérebro, desligando sentidos, se movendo "entre os quadros" da visão (e ficando invisíveis), provocando alucinações e outras coisinhas do gênero. Tudo sem que eles sejam minimamente compreensíveis. O título em si vem desses "cortes" de sentido - Blindsight se refere a capacidade de uma pessoa cega de ainda reagir a certos estímulos visuais, sem que a visão esteja funcionando.

Como uma obra de licença Creative Commons, Blindsight pode ser obtido gratuitamente em epub - eu consegui o meu via Feedbooks. Recomendado... e provavelmente o texto está tão confuso quanto o livro em si.

Seattle ganha super vilão "de verdade".

Bem, parece que de fato super heróis atraem super vilões... Em Seattle, depois da figura bizarra que é o "super herói" local Phoenix Jones, agora surgiu também um super vilão, Rex Velvet. Uma figura tão maligna a ponto de ter uma cicatriz, um tapa olho e um bigodão (santo clichê Batman!) que está ameaçando Jones caso ele não "revele sua identidade e desista de combater o crime para sempre".


Meio atrasado nisso, Rex, já que Jones foi desmascarado no ano passado... Mas isso não vem ao caso, o que é realmente notável é quão "teatral" é a atuação de Velvet, divulgando suas ameaças pelo Youtube, com valores de produção incríveis. Sério, o cara parece ter seguido à letra algum manual de super vilania, e isso já o tornou uma das minhas "web celebrities" favoritas. Até o cenário é digno de uma HQ - parece que ele filmou tudo em um legítimo galpão abandonado ou lar subterrâneo, decorado com crânios e um quadro de Jones para que ele possa tacar coisas no seu "arqui inimigo".


Felizmente, por ora isso é só mais uma parte da comédia que se tornou a carreira de Phoenix Jones. O cara é bem intencionado, mas realmente talvez seja hora de parar, depois que ele quase foi morto por dois traficantes no ano passado. Espero ouvir mais do terrível Rex Velvet, e que ele se mantenha apenas no ambito de vídeos ameaçando Jones, ao invés de, vocês sabem, crimes de verdade. Melhor ainda se a pessoa por trás de Velvet arranjar mais "vilões" para intimidar Jones. Quem sabe combinar com algum empreendimento para encenar um crime e ,sei lá, dar uma apimentada na carreira do herói?

quinta-feira, 3 de maio de 2012

Pinceladas Zen

Como todos devem saber, eu adoro quadrinhos de internet, e embora esse não seja exatamente um webcomic, um dos mais "marcantes" que já vi é definitivamente o novato Zen Pencils, do australiano Gavin Aung Than. Com uma maestria singular, Gavin converte citações excelentes em belíssimas ilustrações e tiras, como as que eu postei aos lados, do astrônomo Carl Sagan e do astrofísico Neil DeGrasse Tyson. Mas não fiquem apenas com essas tirinhas que eu postei, façam se esse favor e verifiquem o material.

É simplesmente belíssimo. Gavin atualiza o site todas as terças e quintas, e as fontes de inspiração vão de cientistas e filósofos a artistas e escritores. Algumas menções eu não concordo, mas o site é dele, o gosto é dele, e em geral ele é brilhante.